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agricultura natural

é possível produzir comida de alta qualidade nutricional (e em quantidades suficientes) ao mesmo tempo que cuidamos dos eco-sistemas dos quais fazemos parte. Com base em vários métodos japoneses e coreanos, aqui exploramos várias formas de o fazer.

Os princípios da agricultura natural

Há muito que os humanos complementam as atividades recolectoras com a prática agrícula. Dependendo de onde vivemos, e dos contextos culturais que nos envolvem, teremos acesso a concepções diferentes sobre como encontrar e como produzir comida. Infelizmente, há muitas práticas agrícolas que têm efeitos detrimentais para a vida neste planeta. Como este é um problema cultural - e não tecnológico - aqui, exploramos vários métodos de produção alimentar que seguem os princípios básicos da natureza, e que, ao mesmo tempo, zelam pela bio-diversidade e pela resiliência dos eco-sistemas dos quais fazemos parte. Antes de passarmos à parte técnica, e sem querermos ser exaustivos, há, no entanto, alguns desses princípios que queremos apresentar, pois achamos serem as bases filosóficas, sobre as quais é possível desenvolver um relacionamento com a terra, que seja coerente tanto em termos éticos como técnicos.
A vida é naturalmente abundante e procura sempre as condições nas quais mais vida pode ser continuamente gerada, sempre mais complexa, variável e em maior número.
A reciclagem de matéria é fulcral para a manutenção da vida. Devemos facilitar os processos pelos quais a matéria transita entre os seus vários estados orgânicos e inorgânicos.
Para produzir comida saudável, não é necessário depender de produtos industriais. Tudo aquilo de que precisamos para cultivar a nossa saúde está sempre ao nosso redor.
Na natureza não há bem nem mal. Devemos tentar manter e apoiar o equilíbrio dinâmico entre todas as partes. Assim, promovemos a complexidade, e fortalecemos a resiliência do sistema.
De forma mais ou menos direta, todas as coisas estão inter-relacionadas. Por isso, muitos dos elementos dos eco-sistemas dos quais fazemos parte desempenham funções que, embora nos possam não ser aparentes, são, no entanto, importantes para a articulação estável do todo. Ao aceitarmos humildemente o tamanho incerto da nossa ignorância, devemos respeitar todas as coisas e suas possíveis funções.

Produtos naturais caseiros

Segue-se uma coleção de receitas caseiras cujos produtos são naturalmente baratos e muito eficazes. Utilizados regularmente, estes insumos apoiam e fortalecem o ciclo vital das espécies com as quais trabalhamos. São geralmente diluídos e propagados em água e aplicados em vasos, canteiros, hortas, pomares e florestas de qualquer escala. Embora seja possível comprar os produtos finalizados na nossa loja, aconcelhamos vivamente a tentarem produzi-los em casa, pois essa é uma das partes fulcrais do espírito da agricultura natural!

Por fim, lembrem-se de que os produtos abaixo não são magias milagrosas que resolvem todos os problemas! São apenas adições agrículas, em suporte de uma produção mais eficiente e sustentável. Estes fantásticos líquidos coloridos, por mais espetaculares que sejam, devem sempre ser complementos por boas práticas ecológicas e agroflorestais.
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o que é
Os IMO (microorganismos indígenas) são um conjunto de orgnismos microscópicos (bactérias, arqueias, protozoa, virus, fungos e algumas plantas e animais) que vivem em locais que tenham sofrido poucos distúrbios ambientais recentes.
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As florestas maduras e saudáveis de qualquer parte do mundo são exemplos desses eco-sistemas. A abundância e a resiliência que os caracterizam estão primeiramente baseadas no emaranhado de relações entre todos esses organismos.
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Se, perto de onde vivemos, conseguirmos visitar esses tipos de sítios, podemos ir lá buscar os microorganismos indígenas (IMO) e propagá-los nos nossos terrenos para que os nossos ambientes próximos - especialmente os nosso solos - produzam vida e a mantenham da forma mais eficaz possível.

É importante que estes organismos venham de locais próximos de nós (daí serem indígenas) pois nenhum grupo de organismos estará mais apto para funcionar eficazmente nos nossos biomas do que aqueles que evoluiram precisamente para o fazer.
como fazer
Os IMOs podem ser colhidos e cultivados de várias formas. A forma tradicional, popularizada por Han Kyu Cho - o propulsionador do movimento de Agricultura Natural Coreana - consiste em utilizar arroz como meio de captura e de cultivo inicial.

Na falta de arroz, podemos utilizar centeio, cevada, ou outros grãos com alto teor em hidratos de carbono complexos.

Primeiro, cozem-se os grãos até estes amolecerem ligeiramente. O objetivo não é servirmos um prato culinário, mas sim disponibilizar alguns dos amidos para os microorganismos que queremos capturar. A consistência dos grãos tem de permanecer ligeiramente rija. Estes devem estar soltos e não empapados. Uma cozedura ligeira faz isso na perfeição.

Depois, colocam-se os grãos cozidos numa caixa porosa. Caixas de vimes, de palha, ou mesmo de cartão rijo são boas. Não devem ser caixas pintadas, construídas ou tratadas com materiais tóxicos! Estamos a trabalhar com vida, e não queremos matá-la...
As porosidades devem ser pequenas e em grande número, ou seja, queremos que os microorganismos consigam aceder ao interior, mas não queremos que entrem animais lá para dentro. Os grãos não devem ser compactados, apenas levemente depositados na caixa, que deve acabar com 1/3 de ar livre. Isto favorece o desenvolvimento de organismos aeróbicos.

Se possível, no mesmo dia, levamos a caixa para uma floresta local, na qual consigamos identificar zonas mais selvagens, biodiversas e abundantes. Aí, nos pés das árvores mais antigas, vigorosas e saudáveis, procuramos por uma parte do solo que pareça naturalmente mais fofa e abrimos uma pequena covinha, na qual colocamos a caixa que, por fim, se tem de tapar com muitas folhas e materiais orgânicos caídos.

No inverno, o processo de captura pode ser um pouco lento, já no verão é bem mais rápido, pois as temperaturas influenciam drasticamente o metabolismo dos micróbios. Dependendo da altura do ano, voltamos para vir buscar a caixa após uma ou duas semanas.

Ao abrirmos a caixa, veremos que ter-se-á formado uma "núvem" branca com o aspeto de algodão doce sobre, entre e por baixo do arroz. Essa matéria é principalmente composta por mycelium, produzida principalmente por fungos ectomicorrízicos [para uma coleção focada em fungos endomicorrízicos, ver a secção VAM, nesta página]. Para além do mycelium, há toda uma panóplea de outros organismos invisíveis que deverão estar presentes. Para sabermos se a colheita foi bem feita, podemos testar pelo cheiro, que deve ser adocidado e ligeiramente alcoólico; podemos sentir se a caixa está ligeiramente mais quente do que a temperatura ambiente, o que significa que a atividade biológica está forte e dinâmica (que é o que se quer); e devemos averiguar se não existem demasiadas concentrações de zonas pretas, cinzentas ou notoriamente mais escuras do que o resto. Alguma presença destes fungos é positiva, mas um desiquilíbrio pode favorecer comportamentos patogénicos. Pontos esporádicos de outras cores (vermelhos, verdes claros ou amarelos) é bom!
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Para maior eficácia, podemos fazer mais do que uma colheita, especificamente procurando por sítios com características diferentes: uns mais soalheiros, outros mais sombrosos, uns a maiores e outros a menores altitudes, uns mais húmidos, outros mais secos etc. Tudo isto deve acontecer dentro de um raio de 1km a partir do nosso terreno e a não mais de 300m de diferença na altitude (acima ou abaixo).
como utilizar
Este foi apenas o primeiro passo do nosso trabalho com os microorganismos indígenas. Para já, é possível conservá-los a baixas temperaturas (entre 1 e 5ºC), mas o preferível, é mesmo passar à fase seguinte (IMO2) dentro de 15 minutos.
efeitos
Para aumentar a eficácia dos nossos micróbios, é preferível cultivá-los durante mais algum tempo e, assim, multiplicar o trabalho que eles podem fazer. Este processo é descrito em IMO2
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o que é?
Este é o estado em que várias colheitas de micróbios são conservadas até que as adicionamos umas às outras para crirar uma super amostra mais diversa e eficaz.
como fazer
Expostos ao ar e à luz direta, os IMO começarão afrouxar. Por isso, é importante que, de volta a casa, ao abrirmos a caixa, passemos rapidamente ao processo seguinte. Vamos misturar todo o IMO1 com açúcar integral numa proporção de 1 para 1. O açúcar deve ser o menos processado possível, para que a complexidade dos hidratos de carbono seja a maior que conseguirmos arranjar.

Massajamos levemente todos os materiais durante o tempo suficiente, para que tudo fique bem húmido, e passamos a mistura para um recipiente de barro ou de vidro (nunca de metal). O recipiente tem de ser grande o suficiente para que se mantenha 1/4 do volume com ar liberto no topo.

Agora vamos deixar a mistura a fermentar por 1 semana. Para isso, tapamos o gargalo (que deve ser largo) com uma membrana porosa. Uma toalha ou um pano limpo servem bem, amarrados com um barbante ou presos com um elástico.

Após a fermentação acalmar (quando já não é observável a formação de novas bolhinhas de CO2), fechamos o recipiente com uma tampa mais isolante (mas não completamente). O melhor é uma tampa maciça pousada levemente sobre a membrana porosa, que permanece no sítio.

A partir deste momento, a pressão osmótica causada pelo açúcar vai aprisionar uma grande quantidade da água do sistema e os IMO vão entrar num estado de dormência. Assim, a nossa amostra pode ser conservada, e mantida num local arejado e escuro.

É neste estado que vamos misturando várias colheitas de IMO2.
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como utilizar
Pequenas pitadas de IMO2 podem já ser diluidas em água para rega de sementeiras ou no apoio aos transplantes. Contudo, esta não é uma prática comum. As próximas fases (IMO3 e 4) vão aumentar a eficácia e a abrangência dos nossos amigos micróbios!
efeitos
Os microorganismos indígenas estabelecem relações cooperativas com as nossas plantas, ajudando-as a resistir melhor a ventos e chuvas fortes, a altas e baixas temperaturas, a secas e a predação animal. Também ajudam a resolver alguns conflitos químicos entre várias famílias de plantas que geralmente são tomadas como antagónicas e incompatíveis.

Estas relações benéficas com as plantas são construídas principalmente no subsolo embora, a seu tempo, se estendam naturalmente aos caules, folhas, flores e frutos de todas as plantas, oferecendo-lhes uma proteção completa e eficaz
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o que é?
Em IMO3, vamos multiplicar os números dos nossos microorganismos milhares de vezes. Assim, teremos quantidades suficientes para aplicar em terrenos inteiros, independentemente do seu tamanho! Apenas temos de alimentar a amostra de IMO2 com muita matéria rica em carbono e vários nutrientes balanceados para que a colónia cresça em condições ideais.

Vários dos ingredientes requeridos para esta fase também têm de ser manufacturados, por isso, caso não reconheça algum deles, basta ler sobre como os produzir noutras abas desta página.
como fazer
Numa área arejada e protegida da chuva e do sol direto, vamos empilhar entre 25 e 30kg de farelos de qualquer tipo de grão (trigo, arroz, centeio, ou outros). O montinho não deve ultrapassar os 45 cm de altura e, se possível, a superfície de trabalho deve ser de terra.

Vamos preparar 20L de água. Preferencialmente, devemos utilizar água da chuva, ou então, água de fontes limpas e pouco mineralizadas. Se não houver acesso a água desta qualidade, pode utilizar-se água municipal, só que, como esta é tratada com químicos anti-sépticos, temos de a misturar com ácidos húmicos e fúlvicos, para que estes compostos tóxicos sejam neutralizados. Os ácidos húmicos e fúlvicos são fáceis de arranjar. São moléculas abundantes nos produtos da vermicompostagem, e estão suficientemente presentes em solos saudáveis, que também podem ser diluídos em água municipal, limpando-a, antes de a utilizarmos.

À parte da água, vamos ter que preparar alguns ingredientes adicionais, que vão estimular a multiplicação dos microorganismos com hormonas, vitaminas, enzimas e sais minerais. Esses ingredientes são os seguintes:

  • 20ml de OHN (tónico anti-patogénico) [1 para 1000];
  • 40ml de FPJ (sumo fermentado de plantas locais) [1 para 500];
  • 40ml de BRV (vinagre de arroz) [1 para 500];
  • 630ml de água do mar ou de solução de filitas (mineral xistoso) [1 para 30].

Caso não reconheças algum destes ingredientes, não desesperes! Lê mais (noutras abas desta página) sobre como os produzir em casa.

Primeiro, juntamos todos estes ingredientes ao balde com água e, de seguida, dilui-se um punhado de IMO2 lá dentro. Não devemos utilizar ferramentas de metal, pois estas interferem negativamente com a acidez dos produtos fermentados. Podemos utilizar um pau, ou mesmo a nossa mão para o fazer. Assim que diluído, vamos adicionar a solução ao monte de farelo; misturando e revirando tudo, sempre aos pouquinhos, tanto para para evitar que a água escape para fora, como para controlarmos o grau de humidade. Não devemos ver nenhuma gota a cair, se espremermos uma bola de farelo com a mão.

Assim que a humidade estiver no ponto (60%), reconstitui-se o monte, para que fique com uma forma mais concisa, e cobrimo-lo com uma camada vegetal seca. Giestas ou colmo é perfeito, mas outros materiais são possíveis. O objetivo é restringir ainda mais a luz e não deixar que a água evapore demasiado rápido.

Agora, deixamos o montinho a fermentar. Aos poucos, a temperatura vai começar a subir e, eventualmente, em 2 ou 3 dias, o centro terá atingido 40ºC. Agora é importante que a temperatura seja monitorizada algumas vezes ao dia, durante alguns dias, pois esta não deve subir acima dos 48°C (50ºc máximo). Acima dessas temperaturas, algumas proteínas e outras moléculas orgâncias começam a desintegrar-se e os IMO começam a perder a sua eficácia. Um termómetro de compostagem pode ajudar muito nesta fase. Ou então, com prática, é sempre bom começar a perceber fisicamente, com as mãos, qual é a sensação equivalente a 45ºc e 50ºc.
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Embora possa não ser necessário, é provável que a pilha tenha de ser revirada (o interior passar ao exterior, e o exterior ao interior) com uma pá ou uma forquilha. Isto serve para manter a comunidade microbiótica primordialmente aeróbica e para ajudar a controlar as temperaturas. O tempo de fermentação pode variar dependendo da temperatura ambiente, mas geralmente, os IMOs levam sensivelmente 1 semana a cobrir por completo a superfície da pilha com mycelium esbranquiçado. Quando a temperatura parar de subir e a pilha arrefecer, o processo estará concluído!
como utilizar
Assim como o IMO2, pequenas pitadas podem já ser diluidas em água para rega de sementeiras ou no apoio aos transplantes. Como a quantidade é já maior, as pitadas podem ser aplicadas diretamente no solo, junto das plantas, apenas ligeiramente cobrindo-as com o solo local (aplicar em dias húmidos, ou levemente chuvosos, mas não demasiado frios). Ainda assim, o mais eficaz é mesmo passar às faze seguinte IMO4 e adicionar terra ao processo de propagação.
efeitos
Os microorganismos indígenas estabelecem relações cooperativas com as nossas plantas, ajudando-as a resistir melhor a ventos e chuvas fortes, a altas e baixas temperaturas, a secas e a predação animal. Também ajudam a resolver alguns conflitos químicos entre várias famílias de plantas que geralmente são tomadas como antagónicas e incompatíveis.

Estas relações benéficas com as plantas são construídas principalmente no subsolo embora, a seu tempo, se estendam naturalmente aos caules, folhas, flores e frutos de todas as plantas, oferecendo-lhes uma proteção completa e eficaz
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o que é?
O IMO4 é o estado em que os microorganismos voltam ao solo. Este ciclo “do solo ao solo” proporciona a máxima multiplicação das pequenas colheitas de solo virgem que fazemos ocasionalmente nas nossas florestas.

Mesmo com as melhores práticas em vigor, o solo agrícola costuma sofrer algumas perturbações, por isso, restauramos a vida que nele deve existir, inoculando-o de forma sustentável com microorganismos indígenas.
como fazer
O processo para fazer IMO4 é quase igual ao do IMO3. A única diferença é que, desta vez, vamos ter de arranjar uma quantidade de solo local, equiparada em volume, à quantidade de IMO3 que produzimos. Misturamos as duas partes homogeneamente e formamos uma nova pilha.

De igual modo, o local de trabalho deve ser arejado e protegido da chuva e do sol direto; o montinho não deve ultrapassar os 45 cm de altura e, se possível, a superfície de trabalho deve ser de terra.

De modo a manter a humidade a 60%, vamos adicionando água (preferencialmente da chuva, ou então, de fontes limpas e pouco mineralizadas), à qual juntamos a mesma solução de nutrientes em IMO3:

  • 20ml de OHN (tónico anti-patogénico) [1 para 1000];
  • 40ml de FPJ (sumo fermentado de plantas locais) [1 para 500];
  • 40ml de BRV (vinagre de arroz) [1 para 500];
  • 630ml de água do mar ou de solução de filitas (mineral xistoso) [1 para 30].

Caso não reconheças algum destes ingredientes, não desesperes! Lê mais (noutras abas desta página) sobre como os produzir em casa.

Assim que a humidade estiver no ponto (60%), reconstitui-se o monte, para que fique com uma forma mais concisa, e cobrimo-lo com uma camada vegetal seca para restringir a evaporação.

Da mesma forma que no IMO3, podemos ter de revirar o material para manter a temperatura abaixo dos 48°c (50ºc máximo).

Após as temperaturas tiverem descido e começarem a estabilizar, (uma semana no verão, ou duas no inverno) o IMO4 estará pronto!
como utilizar
Em IMO4, já temos quantidade de material suficiente para conseguirmos aplicar os microorganismos indígenas em áreas consideráveis! Para o fazer, temos simplesmente de distribuir o material, em pequenas pitadas, pelos campos, junto às bases das plantas, cobrindo-as apenas com um pouco de solo e cobertura vegetal local.

A outra grande utilização do IMO4 é a produção de composto de resíduos orgânicos fermentados (IMO5)
efeitos
Os microorganismos indígenas estabelecem relações cooperativas com as nossas plantas, ajudando-as a resistir melhor a ventos e chuvas fortes, a altas e baixas temperaturas, a secas e a predação animal. Também ajudam a resolver alguns conflitos químicos entre várias famílias de plantas que geralmente são tomadas como antagónicas e incompatíveis.

Estas relações benéficas com as plantas são construídas principalmente no subsolo embora, a seu tempo, se estendam naturalmente aos caules, folhas, flores e frutos de todas as plantas, oferecendo-lhes uma proteção completa e eficaz.
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o que é?
LIMO é a forma líquida de utilizar os microorganismos indígenas.
como fazer
Colocamos um punhado de IMO4 sólido dentro de um saco de pano poroso. Logo de seguira, enchemos um balde de 20 litros de água da chuva e suspendemos o saco com os IMO, de modos a que metade do saco esteja submersa, e metade fique cima do nível da água.

Vamos observar o processo durante 2 a 4 dias (dependendo da altura do ano). Quando houver bolhinhas espumosas em bastante quantidade na superfície da água, e o cheiro tiver um pronunciado tom adocicado, o LIMO estará pronto!
como utilizar
O LIMO é muito utilizado no tratamento de sementes e mudas, na proporção de 1 para 500, em conjunção com os seguintes ingredientes: FPJ (sumo de fruta fermentada) 1:500; OHN (tónico anti-patogénico) 1:1000, BRV  (vinagre de arroz) 1:500; SEA (água do mar) 1:30; FAA (nitrogénio líquido de peixes ou moluscos) 1:1000; WCA (cálcio solúvel) 1:1000

As sementes ou as mudas devem ficar de molho nessa solução durante algum tempo antes de serem semeadas ou transplantadas. O tempo de molho depende do tamanho e da velocidade de germinação da semente. Não há regra de ouro, mas quanto maior for a semente, mais rija a casca e mais lenta for a germinação natural, mais tempo se deve deixar de molho.

Ao transplantar árvores, devemos mergulhar as raízes sedentas por 2 dias inteiros na solução antes de as colocarmos no solo. Também se podem pulverizar as folhas no dia prévio ao transplante embora, isoladamente,  seja menos eficaz...
efeitos
Os microorganismos indígenas, quando utilizados na solução de tratamento de sementes e mudas, promove especialmente o desenvolvimento de raízes e folhas vigorosas, e espessas, muito resistentes a doenças.
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o que é?
WCA (Water-soluble Calcium) é cálcio solúvel em água. O cálcio é abundante nas cascas de ovos, nas conchas de vários mariscos e nos caranguejos, em que está presente na forma de carbonato de cálcio (CaCO3). Para que as plantas ganhem acesso a essa fonte riquíssima de cálcio, primeiro, temos de o desbloquear. Para isso, utilizamos vinagre que, ao reagir com o carbonato de cálcio, vai soltar dióxido de carbono (CO2) e liberta grandes quantidades de cálcio solúvel (Ca+) assimilável pelas plantas.

O cálcio é um elemento importante na formação de membranas celulares e permite que a divisão celular ocorra continuamente. O cálcio também tem um papel importante nos processos de desintoxicação, ao ligar-se e neutralizar ácidos orgânicos em excesso.
como fazer
Primeiro, devemos limpar separar as partes orgânicas das cascas o melhor possível. Para isso podemos cozer tudo numa panela, ou apenas tostar (em lume brando) o material até ficarmos com as partes sólidas mais rijas. Isto vai proporcionar uma reação mais pura quando o vinagre entrar em jogo, o que aumenta a eficácia da solubilização do cálcio, e também previne apodrecimentos não intencionais. Para otimizar a reação, podemos também triturar os sólidos até ficarem em pó, antes da reação química.

De seguida, colocamos os sólidos num pote e adicionamos 10 vezes o volume em vinagre, até enchermos 2/3 do recipiente. A mistura vai começar a causar uma reação muito efervescente, que pode vir a transbordar ligeiramente. Não há problema se isso acontecer. De qualquer forma, assim que as bolhas acalmem ligeiramente, tapamos o pote com uma toalha porosa e esperamos que a reação pare por completo. Isso acontece quando as bolhas de dióxido de carbono deixarem de se ver (ou ouvir!).
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como utilizar
Diluir de 1 para 1000 e pulverizar sobre as folhas durante a transição da fase vegetativa para a fase reprodutiva e durante toda a frutificação.
efeitos
O WCA é eficaz a na passagem da fase vegetativa para o a fase reprodutiva.

O Cálcio solúvel previne o crescimento excessivo, fortalece os botões de flores e produz frutas mais doces.

O uso de WCA renderá bons frutos no ano atual e promoverá rendimentos ainda maiores no ano seguinte.

O cálcio move os hidratos de carbono da folha e galhos para as frutas. Também é eficaz quando as culturas têm coloração pobre ou não têm brilho, diferenciação floral fraca, caules amolecidos, queda de flores ou frutas jovens, frutas que não amadurecem, ou frutas que não são doces. O uso de WCA melhorará muito todas essas condições.

O cálcio previne o crescimento excessivo das culturas. Já nos frutos, melhora a qualidade da casca, evitando fracturas, aumenta a doçura, e prolonga os períodos de armazenamento. Também promove a absorção de ácido fosfórico e ajuda as culturas a acumular nutrientes.
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o que é?
VAM é um acrónimo para a expressão, em inglês, "Vesicular Arbuscular Mycorrhizae", e refere-se a um tipo de relação mutualista que certos fungos estabelecem com quase 90% de todas as plantas no planeta! As hifas (pequenos filamentos) entram pelas células das raízes das plantas adentro e desenvolvem um arbúsculo, que serve de interface entre o fungo e a planta. Através desta plataforma, a planta troca açúcares por água e nutrientes que o fungo arranja pelo solo a fora.

Muitas práticas agrícolas destroem as relações benéficas entre plantas e fungos, diminuindo a vitalidade e fertilidade dos solos. Por isso, é importante sabermos como retroceder o processo, ajudando as nossas culturas a manter toda uma comunidade diversa e rica de microorganismos do solo
como fazer
Ao contrário da prática de coleção de IMO florestais, a coleção de fungos endomicorrízicos depende da cultura ativa de plantas vivas in situ.

Certas espécies de fungos têm preferência por certas plantas e vice-versa. Ao aprendermos mais sobre estas relações, torna-se possível construir uma matriz de relações entre plantas e fungos, que nos ajuda a saber que plantas se relacionam com as mesmas espécies de fungos e que fungos servem que grupos de plantas.

Em breve, disponibilizaremos esta matriz, para que a possamos utilizar na captura de fungos endomicorrízicos e os utilizarmos na cultura de plantas saudáveis e bem conectadas ao solo! Entretanto, para já, o processo:

Identificam-se, na natureza, comunidades de plantas que cresçam vigorosamente nos seus próprios habitats típicos. Se possível determinam-se, pelo menos os géneros e as famílias. Se as espécies forem conhecidas, ainda melhor, mas não é totalmente necessário.

De seguida, encontram-se sementes de plantas que têm afinidades pelos mesmos bioclimas e semeiam-se-as nesses locais. Quando estas começam a crescer, alimentam, através das suas raízes toda a comunidade local de microorganismos, através de secreções ricas em açúcares e aminoácidos. Estas secreções também contêm sinais químicos que fazem acordar os esporos dos fungos e os convidam a estabelecer as tais relações mutualistas. Quando isto acontece, a planta desenolve-se no seu potencial máximo e, eventualmente, os fungos reproduzem-se, produzindo mais esporos, que ficam convenientemente na rizosfera das plantas que semeámos. Estas plantas servem de multiplicadoras e de transportadoras desta nova grande quantidade de esporos dos fungos que queremos colecionar.

Quando as plantas atingem a sua maturidade, após a floração e a frutificação, retiramos as plantas do chão, com cuidado, para que também venha muito solo colado às raízes e extrai-se todo o material para um recipiente.

Separamos as raízes do solo e peneiramos para chegar a uma granulometria mais fina, sem pedras e cascalhos maiores. As raízes não se deitam fora! deixam-se secar e depois cortam-se aos bocados pequeninos, pois nelas ainda existirão vesículas deixadas pelos fungos que podem servir de propágulos, que adicionaremos à mistura geral mais tarde.

Como os esporos não maiores que 45µm, uma peneira com pelo menos esse diâmetro e máximo de 1 a 2.5mm de furo é fundamental.

Para isolar os esporos do resto, é necessário ter uma centrifugadora, na qual, ao adicionarmos glicose em água a 60%, conseguimos encurralar os esporos entre a água e o medium açucarado. Este processo laboratorial é útil para identificação específica dos fungos, mas não é fundamental para o que queremos atingir. Para fins de produção agrícola eficaz, precisamos apenas de juntar o material peneirado, misturado com os fragmentos das raízes colonizadas, em quantidades suficientes para o redistribuir por novas plantas que queremos colonizar com estes fantásticos fungos!
como utilizar
Em breve, disponibilizaremos uma matriz, que nos ajudará a saber que misturas de esporos servem melhor que grupos de plantas. No entanto, uma utilização generalista não corre nada mal, sendo que o nível de compatibilidade entre géneros de fungos e plantas é muito alto!

Em água: Misturar o produto numa bacia com água. 100g para 1l, 200g para 2l, 500g para 5l etc. Mergulhar as raízes das plantas durante a transplantação, ou regar os buracos de plantação onde as raízes entrarão. Podem-se ainda molhar as sementes nesta solução antes de semear. Em plantas já crescidas, injetar o líquido o mais próximo possível das raízes a 10cm de profundidade

A seco: Aplicar 1 colher de chá de material em cada buraco de plantação
efeitos
mais crescimento | mais proteção contra doenças | menos mortalidade durante o transplante | mais saúde e nutrição mais completa | maior tolerância a secas e a outros stresses ambientais