Landra
aqui na terra, queremos recuperar uma cultura de autonomia, partilha e abundância. Para nós, Landra quer dizer tudo isso, em forma de arte-vida.
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Do Minho à Galiza chamam-se landras às bolotas, que são os frutos das várias espécies do género Quercus. Estamos a falar de carvalhos, carrascos, azinheiras, sobreiros…
Hoje, predominam os modos de vida modernos, e as populações - mesmo as rurais - estão gravemente dependentes de objetos e de processos industriais, cuja produção não controlam. Esta forma de organização socioeconómica é um grande problema, pois produz desequilíbrios desastrosos nas vidas das pessoas e, consequentemente, desestabiliza todos os ecossistemas deste planeta. |
No meio disto tudo, as landras contam-nos outra história; falam-nos de uma outra forma de vida; uma que se tem vindo a perder pelos tempos, mas que, a cada dia que passa, se torna cada vez mais necessária. Para além de inacreditavelmente nutritivas (coisa rara nos dias que correm), na história local, e nalguns refúgios da cultura tradicional desta região, as landras desempenham um enorme papel, como símbolo da liberdade, da abundância, e da autonomia.
Ao contrário dos grãos das Poaceae; do trigo, do arroz e do milho, sobre os quais se edificaram impérios inteiros, as landras são frutos de plantas perenes; de árvores que, para além de viverem muitos anos, exigem trabalho quase nenhum, enquanto são extremamente produtivas. |
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Landra é o nome que Sara Rodrigues e Rodrigo Camacho dão à terra onde vivem e é também como são conhecidos enquanto dupla artística desde 2020. Através das landras (frutos dos carvalhos), o duo presta homenagem a uma cultura de autonomia, de partilha e de abundância que procuram recuperar. Para além de ser uma agrofloresta em desenvolvimento, a Landra é também um espaço para experimentação com métodos de produção local e formas de arte-vida.
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Sara e Rodrigo começaram a trabalhar juntos desde 2015 a partir da Goldsmiths, Universidade de Londres. Os seus projetos desenvolvem-se por via do vídeo e da composição audiovisual, da performance, da instalação e da intervenção no espaço público. Para além dos estudos artísticos, formaram-se também em permacultura e microbiologia do solo, investigando e aplicando estes conhecimentos em projetos entre a arte e a ciência, incluindo práticas de regeneração de solos e restauro de ecossistemas.
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