Primavera
a grande explosão verde
Azeda
Rumex acetosa (Polygonaceae)
[espécie não-micorrízica] Vinagreira As folhas são comidas cruas ou cozidas. Esta planta contém uma grande concentração de ácido oxálico, que lhe dá o distintivo sabor ácido e alimonado. Embora perfeitamente aceitável em pequenas quantidades, as folhas não devem ser consumidas, especialmente cruas, de forma regular, e devem ser evitadas por pessoas com tendências para reumatismo, artrite, ou pedras nos rins. O sumo das folhas é um coalhante muito eficaz de leites e serve para fazer queijos frescos rapidamente. Este sumo tem efeitos refrigerantes, febrifúgicos, adstringentes, diuréticos, e ligeiramente laxantes. A este sumo ainda se pode adicionar o sumo da erva-molarinha para curar infeções fúngicas da pele, tipo pé de atleta. As flores e as sementes já são mais suaves e podem comer-se cruas ou cozidas. As raízes também se comem cozidas. A infusão da raiz, junta de uma pasta que se faz com as flores e sementes é um poderoso travador de hemorragias e é utilizado também para aplicar na regeneração de ossos. Esta mistura tinge tecidos com um castanho forte que não precisa de fixadores. A infusão dos caules isoladamente é utilizada para polir pratas e cobres mas também objetos de cestaria de vimes e bambus. Pode também ser utilizada para retirar nódoas difíceis de linho. Ulmeiro
Ulmus minor (Ulmaceae) Olmo, Ulmo, Lamegueiro, Mosqueiro, Negrilho Ulmeiro, Olmo, Ulmo, Lamegueiro, Mosqueiro, Negrilho As folhas comem-se cruas ou cozidas. Se novas, são muito tenras; quanto mais velhas, mais amargas e mucilagénicas ficam. Os frutos imaturos, logo após terem-se formado podem comer-se crus. São muito aromáticos e deixam uma sensação de frescura na boca (34.4% proteína, 28.2% gordura, 17% hidratos de carbono, 5% cinzas). A casca interna dos troncos com cerca de 5 anos é retirada e deixada a secar para fazer um pó que se usa como enriquecedor nutricional e espessante em molhos, panificação ou para comer com cereais. Este pó tem um efeito adstringente e, por isso, é utilizado no tratamento de diarreias. Também é aplicado diretamente em úlceras bocais, ou na pela para tratar eczemas e problemas reumáticos. Margação
Anthemis arvensis (Asteraceae) Margação, Falsa-camomila, Camomila campestre A sua presença indica a presença de muito cálcio no solo, o que é bom, em geral, para plantas exigentes na frutificação. Mesmo antes de entrarem em floração, libertam óleos voláteis pelos campos, que ficam todos a cheirar intensamente doces. O efeito de se estar num ambiente destes é naturalmente reenvigorante, calmante e tónico. É uma das melhores espécies para baixar febres. Faz-se uma infusão das flores e das folhas. Serralha
Sonchus oleraceus (Asteraceae)
Leitaruga, Leitugas, Serralha-branca, Serralha-macia As folhas jovens são boas cruas. As mais velhas, cozidas. Contêm até 40mg de vitamina C por 100g, e são compostas por 1.2% de proteína, 0.3% de gordura, 2.4% de hidratos de carbono e 1.2% de cinzas. Os caules, mais grossos, também se comem cozidos, mesmo que mais ecos, durante o verão, desde que a parte externa seja retirada (como se faz com os espargos). A seiva mastiga-se até formar uma goma elástica (Típico dos Maoris na Nova Zelândia.) Toda a planta tem funções emenagogas, hepáticas e catárticas. Infusões dos caules e folhas são tomadas para regular menstruações. A seiva, em especial, serve para tratar verrugas, tem propriedades anti-cancro e é ainda utilizada para tratamentos de pessoas viciadas em opióides. Uma infusão da raíz picada tem efeitos contra a febre e funciona como um tónico geral. Deve ser tomada com precaução, pois pode causar cólicas, se tomada em demasia. Trevo dos prados
Trifolium pratense (Fabaceae) Pé-de-lebre, Trevo-ribeiro, Trevo-roxo, Trevo-violeta As folhas colhem-se antes da flor aparecer, e costumam comer-se cozidas, embora sejam comestíveis cruas também. A flor também pode comer-se crua ou cozida, ou beber-se em infusões, de gosto muito suave. As sementes podem ser germinadas para comer em saladas (a germinação destrói os hinibidores de tripsina, uma enzima digestiva). As flores e as vagens podem ser secadas e feitas em farinha, que adiciona um certo travo a baunilha em bolos e pães. A raiz come-se cozida. As flores têm um alto teor em flavonóides, que têm efeitos estrogénicos e que, por isso, são úteis no balanceamento hormonal durante a menopausa. As cabeças de flores têm efeitos positivos contra vários tipos de tuberculose, ma também são espasmódicos, expectorantes, sedativos, tónicos e demonstram ter propriedades anti-cancerogénicas, principalmente contra o cancro da mama. Aplica-se um cataplasma com a matéria esmagada, diretamente na zona afetada. Toda a planta é ingerida internamente e tem efeitos na recuperação das células cutâneas, com efeitos positivos na cura de eczemas e psoríases. As plantas enfraquecidas, ou naturalmente doentes, sintetizam o alcalóide slaframina, que está atualmente a ser estudado pelas suas propriedades anti-diabéticas e anti-sida. Malva silvestre
Malva moschata (Mavaceae) Malva-comum, Malva-das-boticas, Malva-maior, Malva-mourisca, Malva-selvagem As folhas e as flores comem-se cruas ou cozidas. Servem para engrossar sopas e molhos, por serem muito mucilagenoas. Toda a planta é anti-inflamatória, adstringente, demulcente e diurética. A presença das malvas na dieta (especialmente durante o verão) contribui para a regularidade dos sistemas digestivo e respiratório, e tem efeitos diretos contra tosse, bronquite, inflamações bocais e faringites. Serve uma infusão das folhas, embora inculir caules e raiz tem mais efeito. As folhas e as flores esmagadas em cataplasma são aplicadas com muito sucesso em feridas pequenas e picadas de insectos. A mesma papa tem efeitos quase imediatos na resolução de cólicas em crianças. Cerejeira-brava
Prunus avium (Rosaceae)
Cerdeira A cereja brava é mais intensa que as variedades domesticadas. Pode ser mais amarga, porém, se madura (quando está quase preta) nunca apresenta demasiada acidez. É muito utilizada para fazer compotas e doces, pois contém cerca de 14% de açúcar. Quanto à árvore em si, se a casca sofrer golpes, das feridas escorre uma seiva gomosa que é comestível. Se for deixada a secar, esta torna-se resinosa, e ingere-se como rebuçados naturais para ajudar a passar problemas respiratórios. Os raminhos que seguram a cereja usam-se em infusões e são tónicos, adstringentes e diuréticos. A cereja brava contém maiores quantidades de amigdalina e prunasina que, em contacto com água, formam cianetos. Em grandes doses (que se detetam facilmente pelo amargor excessivo na boca) o cianeto pode ser mortal, mas em pequenas doses, os cianetos estimulam a respiração, melhoram a digestão e geram uma sensação geral de bem estar. |
Barba de Falcão
Crepis capillaris (Asteraceae) almeirão branco, almeiroa Não é muito utilizada na alimentação, pois é uma hemicriptófita sorrateira que passa o inverno (e grande parte da primavera) em forma de roseta e aparece e desaparace muito rapidamente no fim da primavera. Porém, as suas folhas, cruas ou cozidas, são muito palatáveis e são muito parecidas com as da serralha. As flores também se comem e parecem-se muito com as do dente-de-leão. Giesta
Cytisus scoparius (Fabaceae)
Chamiça, Escova, Giesta-brava, Giesta-negral, Giesta-ribeirinha, Giesteira-das-serras, Giesteira-das-vassouras, Maias, Retama Os botões das flores fermentam-se em salmoura e servem de substituto de alcaparras. No processo cervejeiro, as novas pontas verdes servem de substituto do lúpulo, com efeitos mais fortes. Também se faz uma infusão de sementes torradas e moídas. Colhem-se os ramos verdes, floridos em Maio. Podem ser utilizados frescos ou secos (não guardados por mais de 1 ano). As pontas verdes são altamente diuréticas, ajudando contra a retenção de líquidos; também influenciam a atividade elétrica do coração, baixando o ritmo e aumentando a regularidade dos impulsos. Porém, pode ser demasiado vasoconstritora e ter efeitos narcóticos, daí não dever ser prescrita para grávidas ou pessoas com hipertensão. Infusões de giesta servem para evitar a perda de sangue após o parto, pois também causa contrações no útero. Alface brava
Lactuca serriola (Asteraceae) Alface-de-espinhos, Alface-áspera, Alface-silvestre, Leituga É uma planta imponente, que pode ganhar o tamanho de um humano adulto mas é mais frágil do que parece. As folhas jovens podem comer-se cruas; já as mais desenvolvidas, especialmente quando a planta entra em floração, começam a ficar um pouco amargas, embora cozidas fiquem boas. Os primeiros rebentos da primavera também se podem comer cozidos. Das sementes, obtém-se um óleo que fica comestível após filtrado. Caso não seja filtrado, é muito útil para fazer sabão, tintas e vernizes. Toda a planta é rica em seiva branca que solidifica em contacto com o ar. Esta contém a substância ativa lactucarium, utilizada industrialmente pelas suas propriedades anodinas, anti-espasmódicas, digestivas, calmantes, narcóticas e sedativas. Funciona como um opióide mas mais fraco, mas não causa nauseas, problemas digestivos ou vício como o ópio. É tomado internamente para tratar insónias, ansiedade, neuroses, hiper-atividade infntil, tosses, problemas reumáticos e infeções urinárias A concentração de lactucarium pode começar a ser demasiada quando a planta entra em floração. Então, em vez de consumir a seiva diretamente, podem fazer-se infusões de toda a planta. Overdoses podem causar fatiga extrema e morte por falha cardíaca. Orégãos selvagens
Origanum vulgare (Lamiaceae) Manjerona-brava, Ourégão Uma das ervas mais utilizadas na comida mediterrânea. As folhas utilizam-se frescas, mas mais vezes secas, e até cozidas em muitos pratos e saladas. As flores aparecem no final da primavera e são, na verdade, a parte mais importante no que toca a aroma, pois emanam óleos voláteis muito intensos que perduram no tempo. Estes óleos têm efeitos benéficos nos sistemas respiratório e digestivo, assim como promovem a menstruação regular. Os ramos floridos são potentes anti-sépticos, muito úteis nas fermentações com pouco sal, mas também têm efeitos espasmódicos, carminativos, coalagogos, diaforéticos, espectorantes e tónicos. Em em conjunção com outras plantas, são utilizados no tratamento de febres, indigestões, gastrointrites e menstruações dolorosas. O óleo essencial (destilado) é um forte sedativo e é administrado para promover sonos profundos. Embora não deva ser utilizado por grávidas regularmente, os efeitos anti-virais a nível respiratório são muito fortes. É ainda utilizado como anestético local em algodão, diretamente, para operar sem dores. Borragem
Borago officinalis (Boraginaceae)
Comem-se as folhas cruas ou cozidas. São ricas em potássio e cálcio e têm um sabor naturalmente salgado. Como são muito peludas, devem ser cortadas finas. Devem ser utilizadas o quanto antes após colhidas pois perdem as suas propriedades nutritivas muito rapidamente. As flores também se podem comer cruas. Há quem diga que sabem ligeiramente a pepino. Adicionadas a vinagre, pintam-no em segurança de cor-de-rosa. Juntas, as folhas e as flores ficam bem numa infusão. Os caules secos servem para infundir bebidas refrescantes a frio. As sementes contêm cerca de 30% de óleo, muito rico em ácidos gama-linolénicos, que ajudam a regular o sistema hormonal e baixam a pressão arterial. A borragem é utilizada há séculos como tónico mental, ajudando contra a melancolia, induzindo por vezes a euforias breves. É útil no apaziguar de tecidos irritados, devido ao seu efeito salino-diurético. Toda a planta, se ingerida crua, tem efeitos expectorantes, febrifúgicos e depurativos e ligeiramente sedativos. Ajuda na limpeza dos rins mas não deve ser tomada por pessoas com problemas de rins, pois faz parte de uma família de plantas que possui muitos alcalóides. Na pele, usa-se nos inchaços e ardores. Colhem-se as flores na primavera tardia, assim que a planta entra em floração. A planta viva, em crescimento tende a afugentar muitos insectos. Ansarina-branca
Chenopodium album (Amaranthaceae)
Ansarina-branca, Catassol, Erva-couvinha, Pedagoso, Quenopódio-branco, Sincho Por causa do alto teor em saponinas, as folhas, que são muito nutritivas, devem comer-se cozidas. As sementes podem comer-se germinadas ou cozidas também. De qualquer forma, devem ser sempre demolhadas da noite para o dia para remover as saponinas. Os caules jóvens comem-se cozidos como se faz com brócolos. Faz-se uma infusão das folhas com propriedades anti-reumáticas. Um cataplasma das folhas esmagadas ou até mastigadas é um bom antídoto para picadas de insectos, especialmente mosquitos, e também serve para apaziguar queimaduras do sol. Mastigadas cruas pontualmente, as folhas têm efeitos medicinais, ajudando com problemas urinários e renais. Já a raiz, se desfeita em sumo, tem serve para combater a desinteria do sangue. Colsolda
Symphytum officinale (Boraginaceae) Colsolada, Colsolda maior As folhas novas podem comer-se cruas, embora as mais velhas comecem a apresentar quantidades mais elevadas de alcalóides tóxicos. Comê-las cozidas é mais seguro e, de qualquer modo, é sempre bom optar pelas folhas mais jovens. A outra forma é apanhá-las já grandes e deixá-las a secar para fazer infusões posteriormente. Os rebentos primaveris são comidos como espargos. As raízes também são utilizadas cozidas em sopas e guisados. Para isso, é preciso retirar a camada exterior - mais fibrosa - antes de cozer. Para fazer uma bebida solúvel tipo café, torram-se as raízes e, por vezes, adicionam-se as dos dentes de leão e de chicória. A consolda é muito utilizada para o tratamento externo de cortes, hematomas, herpes, eczemas, frieiras, varizes, fracturas ósseas etc. Internamente, já é utilizada para curar problemas respiratórios e hemorragias internas. A planta é rica em alantoina, uma molécula (hoje já sintetizada em laboratórios) que acelera o processo regenerativo a nível celular. As folhas colhem-se no verão cedo antes da planta entrar em floração. As raízes colhem-se no outono. Ambas são deixadas a secar. |