Inverno
os tónicos e os verdadeiros resistentes
Primaveras
Primula acaulis (Primulaceae)
Primaveras, pascoinhas, Rosas-de-Páscoa, Qeijadinho, prímula, flor-da-doutrina, Barral, copinhos-de-leite, pão-de-leite, pão-e-queijo As folhas, disponíveis durante todo o inverno, comem-se cruas ou cozidas. As flores, que marcam o começo da primavera, comem-se também cruas ou cozidas. Assim que abertas, as flores cozem-se levemente e fermentam-se com água e açúcar, para produzir uma bebida alcoólica muito forte. Para além de ser utilizada fresca para fins medicinais, toda a planta pode ser colhida com três anos de idade e deixada a secar para uso posterior. É eficaz contra espasmos e dores reumáticas. Por causa das saponinas, tem efeitos expectorantes; e por causa dos salicilatos - o principal ingrediente na aspirina - tem efeitos anti-coagulantes. Também tem o anti-inflamatório adodina. Não deve ser utilizada pelos que são alérgicos a aspirina ou por grávidas. Uma infusão das raízes tem efeitos anti-espasmódicos, adstringentes, eméticos, sedativos e vermifúgicos; também é um bom remédio para dores de cabeça e enxaquecas. Umbigos-de-Vénus
Umbilicus rupestris (Crassulaceae)
Umbigo-de-vénus, cachilro, Cauxilhos, Couxilgos, conchilos, conchelo, Bacelos, Copilas, orelha-de-monge, sombrerinho-dos-telhados, Bifes, Chapéus-de-parede, Chapéu-dos-telhados. Em fendas de rochas, troncos e cascas de árvores, muros e telhados. Por vezes no solo, sob coberto de tojais, escovais e outros matos de leguminosas arbustivas. Em substratos ácidos e húmidos. As folhas comem-se cruas ou cozidas. Um valioso pacote de vitaminas durante todo o inverno e o início da primavera. Eventualmente, as folhas tornam-se mais amargas e rijas no verão. As folhas são ligeiramente analgésicas, o sumo e extratos ajudam a amainar a epilepsia. Um cataplasma das folhas esmagadas, ou mastigadas, serve para acudir queimaduras de pele. A mesma mistura, se ingerida, trata inflamações do fígado e da vesícula biliar. Lâmios
Lamium maculatum (Lamiaceae) Chuchas, Chupa-pitos, Coelhos, Lâmio-maculado As folhas jovens comem-se cruas ou cozidas. Têm muita vitamina A. As folhas e as flores também podem ser secadas para infusões, que servem para tratar queixas de rins e de bexiga, diarreia e problemas menstruais, ou pós-parto. Os lâmios têm efeitos adstringentes e são principalmente utilizados como um tónico uterino, ajudando a controlar os sangramentos exagerados e também ajuda nas descargas vaginais descontroladas. As flores são anti-espasmódicas, adstringentes, depurativas, diuréticas, expectorantes sedativas, vasoconstritoras e vulnerárias. Externamente, a planta é utilizada em compressas, aplicadas em varizes. Os hidrólitos das flores e das folhas destilados servem para tratamento de problemas oftálmicos. A planta é colhida durante o verão e deixada a secar para uso tardio. Alfavaca
Parietaria judaica (Urticaceae) Alfavaca, Amarras, Cobrinha, Columbrina, Erva-das-muralhas/muros, Erva-das-paredes, Erva-de-Nossa-Senhora/Santana, Erva-do-amorra, Erva-fura-paredes, Fava-da-cova, Helxina, Parietária, Pulitaina, Pulitária, Urtiga-mansa A planta é comestível crua quando jovem, ou cozida, quando se desenvolve um pouco mais. Os rebentos novos são adicionados em saladas. Muito utilizada pelo seu poder diurético sendo muito utilizada na restauração e fortificação das funções renais [pedras nos rins e bexiga; cistite; nefrite]. Apazigua tosses recorrentes e utiliza-se em forma de bálsamo nas cicatrizes. Colhe-se a planta inteira (em flor) para secar ligeiramente e utilizar como mistura vulnerária, refrigerante e ligeiramente laxante. Não deve ser prescrita a pessoas com alergias primaveris fortes. Alho-bravo
Allium triquetrum (Amaryllidaceae) Comem-se as folhas, as flores ou os bolbos, crus ou cozidos. É um bom intermédio da cebola e do alho. Os níveis de enxofre (típicos do género Allium) presentes em toda a planta, são eficazes no controlo dos níveis do colesterol sanguíneo, e tonificam os sistemas circulatório e digestivo. Canabrás
Heracleum sphondylium (Apiaceae) Branca-ursina, canabrás, patas Os caules (sem folhas) e os rebentos novos comem-se crus ou levemente cozidos. Os ramos folhosos inteiros são postos a secar até ficarem amarelos, para que, nas pontas se acumule cristalizada a seiva, que é muito doce. Os pedúnculos, antes de florirem, são utilizados como um vegetal comum em sopas. A raiz também é comida cozida. As raízes e as folhas são afrodisíacas, digestivas, e sedativas, e ligeiramente expectorantes. É utilizada no tratamento de laringites e bronquites. Faz-se uma tintura com todas as partes aéreas da planta, que serve para combater a fatiga. Assim que a planta entra em floração, é colhida e deixada a secar para uso posterior. |
Urtiga
Urtica dioica (Urticaceae)
Ortigão, Urtiga, Urtiga-de-cauda, Urtiga-maior, Urtiga-vivaz, Urtiga-vulgar associações: erva-andorinha (Chelidonium majus), rabaça (Oenanthe crocata), sabugueiro (Sambucus nigra), hortelã-brava (Mentha suaveolens), amieiro (Alnus glutinosa) As folhas novas comem-se cozidas. São muito nutritivas, ricas em ferro, sais minerais e vitaminas (especialmente A e C). As folhas mais velhas e rijas podem começar a ter efeitos laxantes. Também é deixada a secar (colhida assim que floresce) para infusões durante todo o inverno; normalmente combinada com chás asiáticos. A infusão purifica e tonifica o sangue; ajuda na recuperação da anemia e baixa febres. Também tem efeitos anti-asmáticos, adstringentes, diuréticos e hipoglissémicos. Resolve facilmente problemas renais e urinários, serve de antídoto para picadas de insectos e ajuda a curar a varicela. O ácido fórmico (que produz o efeito urticário) é eficaz no tratamento do reumatismo e da artrite; pela mesma razão, também ajuda contra equizemas, caspa, neuralgias e hemorródias. Com soluções alcoólicas leves (<4.5%) extrai-se a clorofila para uso como corante alimentar (E140). A polpa da planta inteira serve para talhar leite no processo queijeiro. Também se faz cerveja de urtiga, fermentando apenas as pontas. Se colhida no outono, assim que começa a decair, os caules produzem fibras fortes, úteis para a manufactura de cordas, de panos e de papel de alta qualidade. Após a extração das fibras, o restante material é utilizado como biomassa de alta qualidade para compostagem, ou para a produção de açúcar, amidos, proteínas ou álcool etílico. Também se faz um chorume (com uma ou duas semanas, dependendo da temperatura ambiente) para borrifar sobre as plantas, com efeitos repelentes e fertlizantes. O sumo e a polpa da urtiga servem para untar estruturas de madeira que se queiram à prova de água. Na tinturaria, o pigmento verde (permanente) derivado dos caules e das folhas, é muito valorizado pela sua permanência e elegância. Quando chega a primavera, as urtigas começam logo a perder alguns dos seus nutrientes. No verão, todo o esforço é depositado nas flores e nas sementes e, aí, estãrão mais insípidas e fibrosas. Portanto, urtiga a sério é mesmo no inverno! Loureiro
Laurus nobilis (Lauraceae)
Matagais e bosques. Acompanhante de carvalhais e galerias ripícolas, por vezes dominante, dando origem a matagais fechados de porte alto (louriçais). Geralmente em vertentes sombrias ou no fundo de barrancos, sobre solos frescos. As folhas usam-se como condimento, frescas ou secas. As bagas secas são utilizadas como tempero forte em sopas e guisados. Para fumar a carne de porco, colocam-se as folhas de louro nas brasas. As folhas frescas usam-se em infusão; serve para aliviar dores de cabeça, e é utilizada para lavagens gerais. Também se extrai um óleo essencial das folhas (1% - 3%); tem efeitos digestivos, sedativos e purificadores. É eficaz no tratamento de inflamações e infeções bacterianas e virais. Cura bronquites e gripes e tem efeitos anti-carcinogénicos. Para produzir o azeite da baga de louro, cozem-se as bagas durante quatro horas e depois espremem-se numa prensa de madeira. Este óleo essencial é usado para fazer sabão de alta qualidade. O loureiro ajuda outras plantas a afugentar pestes e doenças. As folhas secas servem para guardar grãos e legumes frescos por mais tempo. Ajuga
Ajuga reptans (Lamiaceae) Ajuga-rasteira, búgula, cansolda-média, erva-carocha, erva-de-São-Lourenço, erva-férrea, lingua-de-boi, viuvinha. Os rebentos e as folhas novas comem-se crus ou cozidos. Adicionam um sabor distinto e intenso a pratos complexos. As flores desenvolvidas contêm propriedades psicotrópicas que podem ser fatais em grandes quantidades. Toda a planta é fortemente adstringente e é utilizada fresca em cataplasmas para parar hemorragias, irritações da garganta e úlceras bocais. As folhas maiores, mais amargas, mascam-se para ajudar com as bebedeiras e as ressacas. Para além de ser utilizada fresca, pode ser apanhada em flor e secada para uso posterior, ou destilada para óleos essenciais ricos em substâncias tipicamente presentes no género Digitalis (tónico cardíaco; vasoconstritor). Violeta-brava
Viola riviniana (Violaceae) Violeta-brava, Bonelas Sob coberto de bosques húmidos ou ripícolas, sebes, prados húmidos, lameiros, margens de linhas de água. Em locais húmidos e geralmente sombrios. As folhas novas e os botões das flores são comidos crus ou cozidos. Em sopas, funcionam como espessante. Também se faz uma infusão das folhas. Dente-de-leão
Taraxacum officinale (Asteraceae) As folhas, as flores e as raízes comem-se cruas ou cozidas. Todas as partes são também utilizadas para fazer infusões quentes. As flores, ainda dentro dos botões, mesmo antes de abrirem, são apanhadas e conservadas em vinagres para servirem de alcaparras. As folhas e as raízes são fermentadas na primavera, em conjunto com as da bardana (Arctium minus), para dar origem a cervejas herbais. Já as flores sozinhas podem ser fermentadas dando origem a um vinho mais suave e fragrante. As raízes das plantas com pelo menos dois anos são colhidas no outono, secadas e tostadas para fazer um substituto de café. O dente-de-leão é fortemente diurético mas, como é muito rico sais de potássio, ajuda a complementar as perdas salíneas que ocorrem por causa desse efeito. A raiz é especialmente hipo-glissémica e tem efeitos antibacterianos, inibindo especificamente o crescimento das seguintes espécies: Staphylococcus, Pneumococci, Meningococci e Bacillus; embora também tenha ação antifúngica contra leveduras simples. Deve ser utilizada fresca pois, após seca, os efeitos ficam consideravelmente mais fracos. Infusões da raíz fresca, se colhida pela primavera, servem para tratar problemas urinários, para limpar o fígado, e para tratar edemas relacionados com hipertensão e insuficiência cardíaca. A infusão pode ser aplicada diretamente em problemas cutâneos, incluindo eczemas e acne. Já o latex, presente na seiva dos caules primaveris, é muito eficaz para remover verrugas. |