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documentamos os meses que passam com os momentos que os merecem

Os olhos que se abrem

31/3/2021

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ler sobre: os olhos que se abrem
Não tardou a chegar Março e, com Março, a Primavera. Já nos primeiros dias, os sinais do seu aparecimento latejavam por todo o lado. É claro que, como a maior parte das pessoas, sempre tivemos uma ideia daquilo que a primavera traz consigo quando bate à porta e pede para vir tomar um chazinho, mas foi só neste ano que demos de caras com toda a sua força e delicadeza. Ao acordarmos, cada dia, no meio deste verde todo, percorremos regularmente os vários socalcos, a compassar a passagem gradual e silenciosa entre micro-climas sempre outros, sempre diferentes. Por entre a vegetação variada, vamos sendo surpreendidos por novidades constantes. Borboletas de um amarelo-esverdeado confundem-se agora com as folhas das laranjeiras, que já há uns meses que têm vindo a presentear a terra com os seus frutos (uns mais suculentos que outros; o mesmo com o teor de açúcar). As borboletas brancas encontravam agora pares da mesma cor nas flores da ameixieira, que também se vai abrindo. Ficamos felizes por saber que contribuímos para este encontro; estas flores nascem da árvore que plantámos há uns meses apenas quando não passava de um par de galhos dormentes. Comprámo-la ao senhor Nuno, do Horto de Cabeceiras, juntamente com outras árvores, como o pessegueiro paraguaio, cujos botões rosados também estão a prometer abrir não tarda nada. Ainda há uma tanta variedade de outras borboletas multicolores, assim como escaravelhos com aquelas capas brilhantes, refletoras, psicadélicas tão extravagantes. Maravilhamo-nos com pequeninas rãs - que não sabíamos que cá habitavam - e arrepiamo-nos com os sapos grandalhões que, de vez em quando, nos aparecem, a meio da noite, aqui perto de casa, bastante longe da água.

Numa certa parte dos prados lá em baixo, onde se tem acumulado água naturalmente, decidimos abrir um pequeno lago, para aumentar o refúgio para todos estes anfíbios. A água está lá, em primeiro lugar, por causa da levada que estamos reabrir. No verão, as nossas famílias, quando cá vieram, ajudaram-nos a abri-las pela primeira vez. Entretanto, veio o inverno e, a levada, a ser constantemente banhada com folhas de carvalho, castanheiro e ácer bastardo, entupiu-se. Agora, ao deixarmos a água, de novo, rasgar caminho terreno adentro, notamos que há muitos pontos por onde ela escapa. Alguns vamos manter abertos, para podermos ter um sistema de lagos, como o que acabámos de construir, já outros, teremos mesmo de os vedar, para que a água chegue com alguma força à parte sul do terreno, onde continua para os lados do Senhor Aníbal. O Rodrigo lembra-se de ter visto, no filme “Vilarinho das Furnas”, que se costumava reparar levadas com torrões de terra e ervas altas. Levantam-se as pedras; enfiam-se, pelos buracos adentro os novos torrões (com aquele denso tapete de raízes fasciculadas); e volta a tapar-se tudo com as mesmas pedras e mais algumas (quanto maiores melhores). No fim, um género de sapateado na borda da levada acaba o serviço, compactando tudo muito bem. Ao levantarmos uma destas grandes pedras, deparámo-nos com uma cobra de água - amarela e preta - que rapidamente se escondeu para dentro da lama, fugindo, em desespero, por ter sido descoberta. Que arrepio…

Também temos reparado, ao mexermos em tanta terra molhada, que as minhocas são agora bem mais abundantes do que quando tentámos fazer uma contagem de quantas andavam pelos primeiros 30cm de solo, na tentativa de averiguarmos o estado geral de saúde do nosso terreno. Na altura - dezembro, que parvoíce… - ficámos ligeiramente decepcionados com a franca raridade destes seres incríveis nas redondezas, mas percebemos que, agora que o tempo vai aquecendo, e todos os bicharocos voltam prontamente ao trabalho, as minhocas não ficam nada para trás! Os insectos na superfície de todas as folhas e ramos são também cada vez mais visíveis. Saltam-nos pelos pés milhares de pequenas aranhas e formigas irrequietas. Há grilos e gafanhotos e tantas outras coizinhas ambulantes, cujos nomes ainda nem conhecemos. Inúmeros besouros e abelhas rodopiam igualmente pelo ar, pousando de flor em flor, especialmente nas mais rasteiras que imergiram de rompante nos últimos dias. Estas pequenas plantas, de um vigor estonteante, alimentam tantos animais, incluindo-nos aos dois.

Tudo isto se tem passado enquanto que, na maior parte das árvores de grande porte, ainda se sentia um inverno tardio. Poucas eram as que tinham folhas que se vissem, e aquelas que ainda as seguravam, traziam consigo, ainda que tenaz, um castanho antigo. Entretanto, tivemos que voltar ao Porto por alguns dias e, ao regressarmos, deparámo-nos com meia dúzia de árvores esguias que, espalhadas, se enchiam de branco. Sem muitas mais referências a não ser o tronco, tínhamo-las anteriormente confundido com outras espécies, mais comuns, aqui nos arredores, e só então conseguimos reconhecer que eram, de facto, cerdeiras ou cerejeiras bravas (Prunus avium). A Sara foi, o quanto antes, fotografá-las e, ao enquadrar com a objetiva os galhos floridos contra o azul intenso do céu, reparou no quanto se assemelhavam aos belíssimos padrões tão retratados no Japão. Foi a primeira vez que percebemos o quanto o género Prunus é importante no assinalar da primavera. As suas flores são das primeiras a manifestarem-se em peso, com uma exuberância arrebatadora. Estávamos agora certos de que daqui em diante iríamos compreender melhor tantos mais sinais de vida, e com isso, compreender melhor a nossa.
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    Autores

    Sara Rodrigues
    Rodrigo B. Camacho

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